Boa tarde a todos.
Abaixo, matéria publicada no Globo Online, jornalista Renata Cabral do O Globo.
Veja:
Quem aprende brincando sabe mais
RIO - Comprovada por especialistas, a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil inspirou uma pesquisa recente promovida pela consultoria Strategy One, a pedido da multinacional Unilever. Para o estudo "Dar aos nossos filhos o direito de serem crianças: a infância na visão global das mães", foram ouvidas 1.500 mães, em dez países e 77 municípios brasileiros. Em nível global, 92% das entrevistadas disseram se sentir responsáveis por proteger a infância dos filhos e 83% delas gostariam de ter mais tempo para brincar com eles.
Alguns dados da pesquisa surpreendem: descobriu-se que hoje os homens dispõem de mais tempo do que as mulheres para brincar com os filhos, a insegurança os afasta das brincadeiras ao ar livre e assistir à televisão é a segunda atividade mais comum entre crianças de todo o mundo - a primeira é ir à escola.
Maria Ângela Barbato, pedagoga e coordenadora do núcleo de Cultura, Estudos e Pesquisas do Brincar e da Educação Infantil da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ajudou a conduzir a pesquisa no Brasil. Segundo a especialista, as opiniões dos três públicos entrevistados apontam para uma mesma direção: as crianças hoje têm pouco tempo para brincar.
Nas classes A e B, elas brincam menos por conta do excesso de atividades extracurriculares. Nas C e D, isso ocorre porque as meninas começam a ajudar cedo nos trabalhos domésticos. Nesse grupo, os meninos são privilegiados - revela.
As mães e os números
Preocupadas com o bem-estar dos pequenos, as mães lamentam que a infância de hoje seja tão curta. Para elas, o amadurecimento precoce das crianças se deve a pressões sociais. No Brasil, 65% delas concordam que a razão pela qual as crianças passam mais tempo dentro de casa se deve a suas próprias inseguranças. Em todo o mundo, esse número cai para 45%. Além disso, 63% das brasileiras elege a falta de segurança como motivo principal para evitar as brincadeiras de rua. Mas quanto maior a família, mais essas atividades acontecem. Em segundo lugar, aparece a falta de tempo.
Uma parte grande dos pais está preocupada com o futuro de seus filhos: eles não sabem o que fazer, mas querem acertar
A pesquisa apontou ainda que, em países em que essa preocupação é recorrente, assistir à televisão e brincar com jogos eletrônicos tornaram-se as práticas mais comuns para se passar o tempo com as crianças. Mas cerca de sete em cada dez mães acreditam que seu filho preferiria se divertir fora de casa do que dentro dela.
Já o excesso de atividades extracurriculares ocorre na tentativa de capacitar as crianças para que, quando jovens, entrem mais preparadas e mais depressa no mercado de trabalho. A boa intenção nem sempre rende os frutos esperados, revela a especialista:
Muitas dessas crianças, quando crescem, mostram menos autonomia, criatividade e menor rapidez de raciocínio. Uma parte grande dos pais está preocupada com o futuro de seus filhos: eles não sabem o que fazer, mas querem acertar.
Os benefícios da brincadeira
Segundo Maria Ângela, a brincadeira contribui para o crescimento da criança em diferentes aspectos: estimula o mecanismo físico-motor; o desenvolvimento da percepção de tempo, espaço, peso e movimento; a integração social; a imaginação e as emoções.
Na casa da pedagoga Karen Ambra, seus dois filhos - Lucas, de 1 ano e 8 meses, e Andrei, de 13 anos - e a enteada Luiza, de 7 anos, são estimulados não só a brincar como a interagir com outras crianças.
A brincadeira possibilita resolver problemas e conflitos, dividir brinquedos e espaços e aprender o limite do outro
Confesso que o mais velho passa mais tempo com jogos eletrônicos do que eu gostaria, mas sempre procuro interferir e sugerir passeios ao ar livre, jogos de tabuleiro e outras atividades lúdicas. Com o mais novo, é mais fácil. Aproveito as brechas em meu horário para levá-lo a parquinhos e ambientes de convívio comum. A brincadeira promove a possibilidade de resolver problemas e conflitos, dividir brinquedos e espaços e aprender o limite do outro - conta.
Para Karen, as atividades lúdicas têm contribuído, ainda, para o desenvolvimento emocional dos meninos. Ela observa como o pequeno trata com carinho os brinquedos e viu o raciocínio lógico e matemático de seu filho mais velho começar a se formar pelo modo como ele organizava por categorias - cor, tamanho etc. - as peças com que gostava de brincar.
**********************************************************
Ribamar.