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segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Reprovação escolar? Não, obrigado.

Rio, 10/09/2007.

Boa tarde a todos.


Professor Vitor Henrique Paro, nos apresenta questões importantes, acerca de como anda a educação em nosso país e, quais os caminhos que poderíamos percorrer para melhorá-la.

Veja:

Pouca coisa é tão cercada por equívocos, em nossa escola básica, quanto a questão da reprovação escolar, que se perpetua como um traço cultural autoritário e anti-educativo. Começa pela abordagem errônea de avaliação na qual se sustenta. Em toda prática humana, individual ou coletiva, a avaliação é um processo que acompanha o desenrolar de uma atividade, corrigindo-lhe os rumos e adequando os meios aos fins.
Na escola brasileira isso não é considerado. Espera-se um ano inteiro para se perceber que tudo estava errado. Qualquer empresário que assim procedesse estaria falido no primeiro ano de atividade. E mais: em lugar de corrigir os erros, repete-se tudo novamente: a mesma escola, o mesmo aluno, o mesmo professor, os mesmos métodos, o mesmo conteúdo... É por isso que a realidade de nossa escola não é de repetentes, mas de multirrepetentes. Absurdo semelhante ocorre quando se trata de identificar a origem do fracasso.
A atividade pedagógica que se dá na escola supõe um quase infindável conjunto de atividades, de recursos, de decisões, de pessoas, de grupos e de instituições, que vão desde as políticas públicas, as medidas ministeriais, passando pelas secretarias de educação e órgãos intermediários, chegando à própria unidade escolar em que se supõem envolvidos o diretor, seus auxiliares, a secretaria, os professores, seu salário, suas condições de trabalho, o aluno, sua família, os demais funcionários, os coordenadores pedagógicos, o material didático disponível etc. etc. Mas, no momento de identificar a razão do não aprendizado, apenas um elemento é destacado: o aluno.
Só ele é considerado culpado, porque só ele é diretamente punido com a reprovação. Como se tudo, absolutamente tudo, dependesse apenas dele, de seu esforço, de sua inteligência, de sua vontade. Para que, então, serve a escola? Essa pergunta, aliás, vem bem a propósito da forma equivocada e anti-científica como se concebe o ensino tradicional ainda dominante entre nós.
Apesar de a Didática ter reiteradamente demonstrado a completa ineficiência do prêmio e do castigo como motivações para o aprendizado significativo, ainda se lança mão generalizadamente da ameaça da reprovação como recurso pedagógico. Segundo esse hábito, revelador, no mínimo, da total ignorância dos fundamentos da ação educativa, à escola compete apenas passar informações, ameaçando o aluno com a reprovação caso ele não estude.
Daí a grita de professores, pais e imprensa de modo geral contra a retirada da reprovação na adoção dos ciclos, afirmando que, livre da ameaça da reprovação, o aluno não se motiva para o estudo. Ignoram que a verdadeira motivação deve estar no próprio estudo que precisa ser prazeroso e desejado pelo aluno.
Nisso se resume o papel essencial da escola: levar o aluno a querer aprender. Este é um valor que não se adquire geneticamente; é preciso uma consistente relação pedagógica para apreendê-lo. Sem ele, o aluno só estuda para se ver livre do estudo, respondendo a testes e enganando a si, aos examinadores e à sociedade. Mas defender a retirada da reprovação não significa apoiar “reformas” demagógicas de secretarias de educação com a finalidade de maquiar estatísticas.
Essa prática, embora coíba o vício reprovador, nada mais acrescenta para a superação do mau ensino. Com isso, o aluno que, após reiteradas reprovações, abandonava a escola, logo nas primeiras séries, agora consegue chegar às séries finais do ensino, mas continua quase tão analfabeto quanto antes. A diferença é que agora ele passa a incomodar as pessoas, levando os mal informados a porem a culpa pelo mau ensino na progressão continuada.
Mas o aluno deixa de aprender, não porque foi aprovado, mas porque o ensino é ruim, coisa que vem acontecendo desde muito antes de se adotar a progressão continuada. Apenas que, antes, esse mesmo aluno permanecia na primeira série, ou se evadia, tão ou mais analfabeto que agora. Mas aí era cômodo, porque ele deixava de constituir problema para o sistema de ensino. Agora, com a aprovação, percebe-se a reiterada incompetência da escola.
Só a consciência desse fato deveria bastar como motivo para se eliminar de vez a prática da reprovação no ensino básico: porque ela tem servido de álibi para a secular incompetência da escola que se exime da culpa que é dela e do sistema que a mantém. A reversão dessa situação exige que o elemento que estrutura a escola básica deixe de ser a reprovação para ser o aprendizado. É preciso reprovar, não os alunos, para encobrir o que há de errado no ensino e isentar o Estado de suas responsabilidades, mas as condições de trabalho, que provocam o mau ensino e impedem o alcance de um direito constitucional.

Vitor Henrique Paro é titular em Educação pela Usp. Foi professor titular nos cursos de graduação e pós-graduação em Educação da Puc-SP e pesquisador sênior da Fundação Carlos Chagas. Atualmente é professor titular no Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Faculdade de Educação da Usp, onde exerce a docência e a pesquisa na graduação e na pós-graduação.

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Um abraço.
Ribamar

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Salvos pela Educação.

Rio, 04/09/2007.

Boa tarde a todos.


Mais que repassar conhecimento, a escola pode salvar vidas.
A conclusão é de um estudo inédito, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que relacionou o nível de instrução formal com a probabilidade de uma pessoa ser vítima de homicídio. Pela primeira vez, um especialista conseguiu mostrar que, quanto menos tempo passado nos bancos escolares, maior é a chance de morrer assassinado.

Para chegar a esse resultado, o técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos Sociais do Ipea Sergei Suarez Dillon Soares usou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, do Censo populacional e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Ele comparou taxas de homicídio por grupos de idade, escolaridade e sexo, e incluiu a renda domiciliar per capita nos indicadores.

A descoberta foi que renda não é o fator determinante da vulnerabilidade. “É extremamente impressionante. A taxa de homicídios no Brasil é de 26 mortes por 100 mil habitantes. Mas se olhar para jovens com escolaridade de um a três anos de estudo, essa taxa é 10 vezes maior. É uma taxa de guerra civil”, diz o pesquisador. A motivação de Soares para levar o estudo adiante veio de uma tabela, na qual relaciona taxas de homicídos por idade e escolaridade.

No caso dos homens, as curvas mostraram uma concentração na incidência de assassinatos entre a população de 16 a 36 anos. “O que surpreende em especial é a distância entre as curvas. A altura do pico da curva de morte por homicídios dos jovens com um a três anos de escolaridade corresponde ao dobro da altura da curva de morte dos que terminaram pelo menos o primeiro ciclo do ensino fundamental, e a quase oito vezes a altura do pico para os que têm entre o fundamental completo e o médio completo”, observa o pesquisador.

Para as mulheres, o resultado foi o mesmo, ainda que os índices de assassinato sejam menores entre o sexo feminino. Depois de observar que, em uma mesma faixa etária, morrem mais os que têm menos anos de estudo, o pesquisador decidiu avançar o estudo. “Uma das primeiras explicações que vêm à mente é que pelo menos parte desse efeito não é do percurso escolar de cada indivíduo, e sim um efeito de renda.

Afinal, é fato notório que a escolaridade é um dos maiores determinantes da renda no Brasil e em quase todos os países do mundo”, diz Soares. Porém, uma nova tabulação feita pelo pesquisador sugeriu que os aumentos na renda domiciliar per capita não eram tão determinantes quanto o índice de escolaridade. Diferenças No caso de homens entre 18 e 25 anos com menos de três anos de estudo e renda per capita de R$ 112 mensais, a taxa de homicídio verificada foi de 237,67 em 100 mil habitantes.

O índice praticamente cai pela metade quando a escolaridade passa de quatro a sete anos e a renda é de R$ 193, passando para 124,23. Sergei Soares acredita que um incremento de apenas R$ 81 não teria um impacto tão expressivo na redução da taxa. O mesmo se verifica em relação aos jovens da mesma faixa etária, com oito a 11 anos de estudo e renda de R$ 364. O índice de homicídios entre esse segmento populacional cai drasticamente: 31,76 ocorrências em cada 100 mil pessoas.

Com as mulheres, a conclusão é idêntica. Aquelas com idades de 18 a 25 anos, menos de três anos de estudo e renda per capita de R$ 138 mensais apresentam taxa de homicídio de 18,97 em cada 100 mil. Já em relação às que têm entre quatro e sete anos de escolaridade e renda per capita de R$ 193, o índice cai para 3,69. Oito a 11 anos de estudo reduzem a taxa para 2,12 quando a renda é de R$ 364. “Conclui-se que a escola oferece um impressionante escudo contra a morte por homicídio”, diz o pesquisador.

Para Sergei Soares, a razão do tempo de estudo ser um “escudo contra homicído” é que a escola é um espaço regrado, onde se aprende a mediar conflitos. “Mesmo que a criança não esteja aprendendo nada, pelo menos está num lugar que tem regras e aprende a lidar com problemas de outra forma, que não a violência”, explica. “A pior escola do Brasil é, ainda assim, um lugar de regras”, acredita o pesquisador. Segundo ele, o estudo “Educação: um escudo contra o homicídio?” não tem relação direta com segurança pública, mas com políticas de educação.

“A conclusão é: segura esse menino na escola. Não importa se não está aprendendo”, defende. Mesmo sabendo que a tese é polêmica, ele assegura que a solução é a PROGRESSÃO CONTINUADA. “Uma das principais causas da evasão escolar é a repetência”, lembra.
“Não se trata apenas de aprender a ler e escrever: é questão de vida e morte.”

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Para os que desejam obter todas as informações acerca da pesquisa, acesse o link abaixo. No site, procure o item "Notícias", depois clique no link "Escolaridade e Violência" e por fim, clique no link "Leia a íntegra do LD 1298".

http://www.ipea.gov.br/default.jsp


Um abraço.

Ribamar.